sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Engraxate dobra faturamento com tapete vermelho, terno e celular

Antes da reforma geral no visual, os dias ruins rendiam R$ 15 e os bons, R$ 30.
Há um mês e meio os dias ruins rendem R$ 30 e os bons, R$ 60.

No disputadíssimo mercado de engraxates da Praça Afonso Pena e arredores, na Tijuca, Zona Norte do Rio, é possível dar um trato nos sapatos por quase nada: R$ 0,50. É isso mesmo: cinqüenta centavos. Merreca. O preço é R$ 1, mas se o cliente insistir, sai pela metade.

Olhos fixos nos pés de quem passa, jovens e meninos descalços ou de sandálias de dedo, short e camiseta surrados andam pra lá e pra cá com suas caixas de madeira debaixo do braço, desconfiados de que para conquistar a freguesia já não basta talento com o pano e a graxa. Foram-se os tempos em que improvisar um sambinha com a flanela sobre o couro, na hora de lustrar, fazia a alegria do freguês.



Atento aos padrões de exigência de quem quer gastar pouquíssimo e desfilar um pisante com jeitão de novo, e depois de muito refletir sobre a melhor estratégia para enfrentar a forte concorrência, Paulo Luiz Vieira de Oliveira, 21 anos, providenciou um tapete vermelho, radicalizou no visual e arranjou um celular.

Ele conta que ouviu tantas queixas de clientes sobre o aspecto que consideram andrajoso dos engraxates em geral, que acabou tendo uma idéia. “Pensei assim: se eu melhorar a aparência e fizer com que o doutor se sinta importante, pode ser que as coisas melhorem.”

As coisas estão melhorando.



Antes da reforma geral no visual, os dias ruins rendiam R$ 15 e os bons, R$ 30. Há um mês e meio os dias ruins rendem R$ 30 e os bons, R$ 60.

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A apresentação é a alma do negócio.

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